O tempo do Jardim

11/6/20252 min ler

O tempo do Jardim

(Carta sincera do seu Jardim paciente, porém observador)

Querida alma apressada,

Sou eu — o seu Jardim.
Sim, esse mesmo onde você vem despejar café, planos e dramas cotidianos, achando que vai florescer tudo de uma vez.

Pois é… não vai. 🌱

Antes de se frustrar, deixa eu explicar:
por aqui, o tempo não é relógio — o florescer sim.
Parece lento, mas é consistente.
E tudo o que cresce com verdade tem um ritmo que o cronômetro não entende.

Estou de olho em você, querida alma apressada.
Você planta uma semente hoje e, amanhã, já está me cutucando com a pá, perguntando:

“E aí, brotou?”

Não, ainda não brotou, querida alma apressada.
Esta semente leva tempo.
Ela está lá embaixo fazendo terapia de raiz, gerando em silêncio o seu propósito no jardim.

Enquanto isso, você compara:

“Mas o jardim da vizinha já floresceu!”
Sim — e provavelmente ela rega com lágrimas de série coreana e fé de freira franciscana.
Cada um com o adubo que tem.

Aqui no meu terreno, as coisas seguem o próprio ritmo.
Nos seus dias sombrios, como o inverno, eu me recolho e recalculo o meu crescimento.
Nos seus dias floridos, como a primavera, ganho energia pra recomeçar e sonho alto junto com você.
Nos seus dias ensolarados, como o verão, transpiro gratidão — e um tantinho de consistência também.
E nos dias pacatos de outono, deixo ir — porque até as folhas mais bonitas precisam cair pra abrir espaço pro novo.

Então, se o seu jardim parece parado, não tenha medo. Confie.
Você pode estar vivendo o tempo jardineiro dos milagres
aquele em que nada aparece, mas tudo está silenciosamente sendo preparado. 🌱

Acredite, alma ansiosa:
o tempo não está te traindo.
É ele que te ensina o ritmo da fé,
a coragem de esperar,
e a elegância de não desistir enquanto nada parece acontecer.

Agora vá lá.
Toma um chá, desliga as notificações e confie no processo de florescer.

Quando a primeira pétala brotar, prometo te avisar —
não com um pôr do sol dramático,
mas com algo ainda melhor:
um vento leve que sussurra: “Viu? Eu te disse que valia a pena esperar.”

Com amor (e um pouco de paciência).

Texto: Priscila Sotana — Incredibubble
Da série “Verdades do Jardim”